No final do ano passado o prefeito Cesar Souza Jr
anunciou que a PMF realizaria “audiências públicas” neste ano de 2014, mesmo
tendo o juiz determinado que o novo plano diretor aprovado pela Câmara de
Vereadores era válido e que “novas” audiências não seriam necessárias. Passadas
as festas de final de ano a prefeitura adotou novo termo e apresentou um
calendário, anunciando que realizaria "reuniões" nos distritos.
Diante da aparente indecisão ou do descaso com relação ao
significado e função de cada uma delas, vale lembrar que na politicagem e no
mimetismo político não existe inocência ou indecisão.
O anúncio inicial de que realizariam de audiências
públicas teve por objetivo dar um tom mais solene de legalidade aos encontros,
como se a prefeitura estivesse “concordando” com aquela decisão do
Núcleo Gestor Municipal ignorada e descumprida pelo próprio governo
municipal, logo antes de dissolver arbitrariamente o coletivo antes mesmo da
finalização do processo do plano diretor. Só que como nem prefeitura nem IPUF
querem nem jamais quiseram APs (deliberativas), o uso do termo "audiências
públicas" foi estrategicamente usado por tempo calculado- só mesmo
para enganar trouxa ou confundir os cidadãos.
O termo “oficina” finalmente passou a ser adotado,
agora de forma definitiva, nos encontros da PMF nos distritos que
iniciaram no dia 16 de julho.
Afirmam PMF e IPUF que a finalidade delas é dar
continuidade à auscultação dos "desejos" e "anseios" da
população, já que, como diz Seu Dalmo, “plano diretor é uma discussão
permanente” – distorcendo cinicamente a lei do Estatuto da Cidade, uma vez que
legalmente, essa revisão do plano diretor deve acontecer a cada cinco anos -
daí as palavras “discussão permanente” e não meses após sua aprovação apressada
na Câmara de Vereadores e promulgação como lei.
Mas, por que oficinas?
Numa rápida busca no Google, encontramos como
definição o seguinte:
Oficina - Ambiente destinado ao desenvolvimento de
aptidões e habilidades, mediante atividades laborativas orientadas por
profissionais capacitados, e em que estão disponíveis diferentes tipos de
equipamentos e materiais para o ensino ou aprendizagem, nas diversas áreas do
desempenho profissional. (http://pt.wikipedia.org/wiki/Oficina)
Seria muito interessante se fosse verdade. Infelizmente,
nenhum dos encontros realizados pela PMF-IPUF trouxe quaisquer sinais de que
teremos oficinas reais! Nem material apresentado que estimule ou capacite seus
participantes nas questões do planejamento urbano, quanto mais produzir
qualquer tipo de debate.
Na mais nova “forma de participativo” maquiavelicamente
inventada, a mesa fala muito, o povo só pode fazer uso de tempo muito mais
exíguo e tem seus descontentamentos e perguntas apresentados por escrito! Para
completar o circo, temos que nos encontros que já ocorreram, o que mais se viu
foram demandas trazidas em função de interesses claramente particulares, e não
coletivos ou de comunidades, os quais, via de regra, colidem com os primeiros.
E é a isso que o poder público insiste em tratar como sendo “participação
popular” em um processo “participativo”.
Para fechar com chave-de-ouro, a maioria das questões apresentadas ao invés de serem efetivamente debatidas com o plenário, terão suas respostas publicadas no site da prefeitura, sem direito a réplica...
Para fechar com chave-de-ouro, a maioria das questões apresentadas ao invés de serem efetivamente debatidas com o plenário, terão suas respostas publicadas no site da prefeitura, sem direito a réplica...
Assim, quanto mais se observa, mais se conclui que essas
tais oficinas nada mais será do que mais um artifício para driblar um
judiciário viciado e a empobrecida opinião pública, colocando mais pedras e
entulho sobre o processo verdadeiramente democrático e participativo realizado
quando das deliberações tiradas nas Audiências Públicas Distritais realizadas
no início de 2008.
Ilude-se, portanto, o cidadão que vai a esses encontros
achando que vai aprender ou mudar muita coisa, pois o ambiente que lá se
configura nada tem a ver com o de uma oficina e deliberações também não podem
ser feitas ali, já que somente as audiências públicas deliberativas permitiriam
que as propostas apresentadas e devidamente votadas tivessem valor legal. E
mesmo que fossem audiências públicas, como hoje o plano diretor já virou lei,
quaisquer alterações só poderiam ocorrer através de uma emenda!
Assim, a PMF- IPUF deverão produzir mais um calhamaço de alterações (sabe-se lá sob que critério) para serem apresentadas à Câmara de Vereadores sob forma de uma emenda de Lei do Plano Diretor!
O que? Mais “remendas”, digo, emendas? Sim... e lá no covil, digo, na Câmara! Nossa velha conhecida que tem por hábito a traição à cidade e seus cidadãos.
Assim, a PMF- IPUF deverão produzir mais um calhamaço de alterações (sabe-se lá sob que critério) para serem apresentadas à Câmara de Vereadores sob forma de uma emenda de Lei do Plano Diretor!
O que? Mais “remendas”, digo, emendas? Sim... e lá no covil, digo, na Câmara! Nossa velha conhecida que tem por hábito a traição à cidade e seus cidadãos.
Qual seria então, a explicação ou função dessas oficinas?
Simples. Estratégia para limpar um pouco a imundice que a
PMF-IPUF fizeram na finalização do processo do plano diretor- a vergonha
autoritária que assistimos no final de 2013, quando executivo misturou suas
funções às do legislativo fazendo uma verdadeira lambança ilegal regada a
pornográfica enxurrada de emendas dos vereadores ao projeto apresentado à
câmara.
Diante do festival de ilegalidades, agora caberiam ‘ajustes’.
Diante do festival de ilegalidades, agora caberiam ‘ajustes’.
E por que participar dessas “oficinas?
Triste resposta. Para denunciar e repetir sempre o que
não pode ser esquecido: como foram ignoradas as deliberações legalmente tiradas
nas APs de 2008; questionar por que tanto a PMF quanto IPUF e Câmara Municipal
solenemente ignoraram a Recomendação do MPF-SC (Recomendação 04/2012) sobre o
descumprimento da legislação ambiental na finalização do Plano Diretor;
denunciar o desmantelamento das instancias verdadeiramente participativas nas
comunidades; denunciar emendas vindouras pelas mãos dos vereadores quando a
prefeitura apresentar a emenda à recém aprovada lei do plano diretor de nossa
pobre cidade e quem sabe, levar um pedido seu para que seja feita uma
alteraçãozinha de zoneamento!
Raquel Macruz- 28/07/14
Nenhum comentário:
Postar um comentário